"Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio." (1 Coríntios 3:18)
O autor descreve-nos a diferenças das duas escolas que estudam os primórdios do Cristianismo!
Boa Leitura!
As duas teorias da história apostólica, introduzidas por Neander e Baur, são antagónicas em princípio e na finalidade, e unidas somente pelo vínculo moral, por uma busca honesta da verdade. A primeira é conservadora e reconstrutiva, a última radical e destrutiva. A primeira aceita os Evangelhos e os Actos como memórias honestas, verdadeiras e credíveis da vida de Cristo e das obras dos apóstolos, a última rejeita uma grande parte do seu conteúdo como mitos históricos ou lendas da idade pós-apostólica, e por outro lado, dá crédito indevido a selvagens romances heréticos do segundo século. Uma desenha uma linha fundamental de distinção entre a verdade como sustenta a Igreja Católica, e o erro mantido pelas seitas heréticas; a outra apaga as divisões e coloca a heresia no campo interior da igreja apostólica. O primeiro procede na base da fé em Deus e de Cristo, o que implica a fé no sobrenatural e milagroso onde quer que esteja comprovado, a outra procede da descrença no sobrenatural e no milagroso como uma impossibilidade filosófica, e tenta explicar a história do evangelho e a história apostólica por causas puramente naturais, como toda história. Uma tem um interesse moral e espiritual, bem como um interesse intelectual no Novo Testamento, a outra tem um interesse puramente intelectual e de crítica. O primeiro aborda a investigação histórica através do conhecimento da verdade divina no coração e na consciência, e reconhece o Cristianismo como uma potência de salvação do pecado e do erro, a outra vê simplesmente como a melhor entre as muitas religiões que são destinado a dar forma ao passado, para a soberania da razão e da filosofia. A controvérsia gira em torno da questão de saber se existe um Deus na história, ou não, como a luta contemporânea na ciência natural gira em torno da questão de saber se existe um Deus na natureza ou não. A crença em um Deus pessoal omnipotente e omnipresente na história e na natureza, implica a possibilidade de revelação sobrenatural e miraculosa. A liberdade absoluta de preposição (Voraussetzungslosigkeit como exigiu Strauss) é absolutamente impossível, “ex nihilo nihil fit". Existe uma predisposição de ambos os lados da controvérsia, uma positiva e outra negativa, e a própria história deve decidir entre elas. Os factos devem governar a filosofia, e não a filosofia os factos. Se puder ser comprovado que a vida de Cristo e da Igreja apostólica não pode ser psicologicamente e historicamente explicada sem a admissão do elemento sobrenatural que reivindicam, enquanto todas as outras explicações só aumentam a dificuldade do problema, e substitui um milagre natural por um anti-natural, a historia ganha o caso, e assim o filósofo tem que ajustar a sua teoria à história. O dever do historiador não é fazer os factos, mas descobri-los e, em seguida construir a sua teoria o suficiente abrangente para dar-lhe todo o espaço confortável.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
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