sábado, 31 de outubro de 2009

Causas do Sucesso

"Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que vos tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência." Deuteronómio 30:19

Como o título diz, o autor fala das causas mais naturais para o sucesso do Cristianismo, pelo ponto de vista de um historiador!

Boa Leitura!

Quanto à composição numérica do Cristianismo, no encerramento de primeiro século, não temos nenhuma informação que seja. Relatórios estatísticos eram desconhecidos nesses dias. A estimativa de meio milhão entre os cem milhões habitantes do Império Romano é provavelmente exagerada. A conversão pentescotal de três mil pessoas num só dia em Jerusalém228, e a “imensa multidão” de mártires sob Nero229, favorecem uma alta estimativa. As Igrejas de Antioquia, também de Éfeso, Corinto eram fortes o suficiente para suportar a pressão da controvérsia e a divisão em partidos230. Mas a maioria das congregações foram sem dúvida pequenas, muitas vezes mero punhado de pessoas pobres. Nos estados dos países pagãos (como o nome indica) conservou-se o nome ainda depois do tempo de Constantino. As conversões Cristãs pertencem à maioria da média e baixa classe da sociedade, tais como pescadores, camponeses, mecânicos, comerciantes, livres e escravos. São Paulo diz: “Não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas o que há de louco no mundo, é que Deus escolheu para confundir os sábios, e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu, escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa.231” E ainda estes pobres, Igrejas analfabetas foram os recipientes dos mais nobres dons, e viveram os mais profundos problemas e altos pensamentos que podem desafiar a atenção de um espírito imortal. O Cristianismo foi construído a partir da base para cima. Desde os níveis mais baixos, vêm os Homens elevados do futuro, que constantemente reforçam os níveis superiores e evitam a sua decadência.
No momento da conversão de Constantino, no inicio do quarto século, o número de Cristãos podem ter atingido os dez ou doze milhões, ou seja, cerca de um décimo da população do Império Romano. Alguns estimam ainda números mais elevados.
O rápido sucesso do Cristianismo sob as mais desfavoráveis circunstâncias é surpreendente e a sua melhor vindicação. Foi alcançado na face de um mundo indiferente ou hostil, e por meios puramente espirituais e morais, sem derramamento de uma gota de sangue excepto os de seus próprios inocentes mártires. Gibbon, no famoso décimo quinto capítulo de sua “História”, atribui a rápida disseminação de cinco causas, a saber: (1) a intolerância religiosa, mas alargado zelo dos Cristão herdados dos Judeus; (2) A doutrina da imortalidade da alma, em relação ao qual os antigos filósofos tinham, mas vagas e sonhadoras ideias; (3) Os poderes milagrosos atribuídos à primitiva Igreja; (4) A mais pura, mas austera moralidade dos primeiros Cristãos; (5) A unidade e a Disciplina da Igreja, que gradualmente formaram uma comunidade crescente no coração do Império Romano. Mas cada uma destas causas, bem compreendidas, aponta para a superior excelência e a Divina origem da Religião Cristã, e é esta a causa principal, que o Historiador deísta omite.

sábado, 24 de outubro de 2009

Fontes de Informação

"Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam;Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória" 1 Coríntios 2:6-7

Boa Leitura!

O Autor dos Actos recorda a heróica marcha do Cristianismo a partir da capital do Judaísmo para a capital do paganismo, com a mesma simplicidade sincera e serena Fé, como os Evangelistas contam a história de Jesus, bem sabendo que Ela não precisa de embelezamento, nem desculpas, ou reflexões subjectivas, e que irá triunfar certamente pelo seu inerente poder Espiritual.
Os Actos e as Epístolas de Paulo acompanham-nos com informações preciosas até ao ano de 63. Pedro e Paulo são perdidos de vista no cadavérico incêndio no começo da perseguição de Nero que parecia consumir o Cristianismo em si. Não conhecemos nada certo sobre este satânico espectáculo de fontes autênticas além da informação de historiadores pagãos227. Pouco anos depois seguiu-se a destruição de Jerusalém, que deve ter feito uma impressão esmagadora quebrando os últimos laços que ainda vinculava nos Judeus Cristãos à antiga teocracia. O evento é realmente trazido até nós, na profecia de Cristo recordada nos Evangelhos, mas para o seu cumprimento terrível somos dependentes na conta de um incrédulo Judeu, que, como um testemunho de um inimigo, é ainda mais impressionante.
Os restantes trinta anos do primeiro século estão envolvidos numa escuridão misteriosa, iluminados apenas pelos escritos de João. Este é o período da história da Igreja que conhecemos menos, e gostaríamos mais de conhecer. Este é o período favorito para o campo das fábulas eclesiásticas e conjecturas críticas. Como feliz e grato seria para um Historiador, descobrir quaisquer novos documentos autênticos, entre o martírio de Pedro e Paulo, bem como a morte de João, e novamente entre a morte deste e a idade Justino Mártir e Ireneu.

sábado, 17 de outubro de 2009

Extensão e Ambiente da Idade Apostólica

"Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à direita do trono de Deus." (Hebreus 12:2)

Esta primeira introdução, tenta explicitar as condições e ambientes no qual os Apóstolos trabalharam, contextualizando a História Cristã, com a História do Mundo!

Boa Leitura!

O período Apostólico estende-se a partir do dia de Pentecostes até à morte de São João, e abrange cerca de setenta anos, do A. D. 30 até 100. O campo de acção é a Palestina, e gradualmente estende à Síria, Ásia Menor, Grécia, e Itália. Os mais proeminentes centros são os centros de Jerusalém, Antioquia, e Roma, que representam respectivamente, as Igrejas mães dos Judeus, os Gentios, e a Cristandade Católica Unida. Próximas destas estão Efésio e Corinto. Éfeso adquiriu importância especial pela residência e trabalho de João, que fez-se sentir durante o segundo século através de Policarpo de Esmirna e Ireneu de Lião. Samaria, Damasco, Joppa, Cesareira, Tiro, Chipre, as províncias da Ásia Menor, Trôade, Filipos, Tessalónica, Beraea, Atenas, Creta, Patmos, Malta, Puteoli, aparecem também como pontos onde a Fé Cristã foi plantada. Através do Eunuco convertido por Filipe, chegou a Candace, Rainha dos Etíopes224. Tão cedo como A. D. 58 Paulo pôde dizer: “Desde Jerusalém e, irradiando até à Ilíria, dei plenamente a conhecer o Evangelho de Cristo”225. Ele depois é levado a Roma como prisioneiro, onde já tinha sido conhecido antes, e possivelmente foi tão longe como Espanha, a Oeste da Fronteira do Império226.
As nacionalidades alcançadas pelo Evangelho no primeiro século foram os Judeus, os Gregos e os Romanos, e as linguagens utilizadas foram o Hebraico ou Aramaico, e, sobretudo, o Grego, que era nesse tempo a Língua da civilização e das relações internacionais dentro do Império.
A história contemporânea secular inclui os reinados dos imperadores Romanos de Tibério a Nero e Domiciano, que ignorou ou perseguiu o Cristianismo. Somos trazidos directamente em contacto com o Rei Herodes Agripa I (neto de Herodes o Grande), o assassínio do Apóstolo, Santiago o Maior, com o seu filho Rei Agripa II. (O último da casa de Herodes), que com sua irmã Berenice (grande corrupta) assistiu a defesa de Paulo, com dois governadores romanos, Felix e Festus, com Fariseus e Saduceus, com Estóicos e Epicuristas, com o templo e o teatro em Éfeso, com a corte de Areópago em Atenas, e no Palácio de César, em Roma.

Capítulo III - A Idade Apostólica

"Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras." (Eclesiastes 9:7)

Acabámos o II Capítulo - Jesus Cristo, e iremos começar a Idade Apostólica, um dos momentos mais importantes na História Cristã, no qual um grupo de Pessoas humildes, pobres e iletrados, que são designados pelo nome Apóstolos, testemunharam a Ressurreição de Cristo e conquistaram o Mundo derramando o seu Próprio Sangue, imitando o seu Mestre. É um dos momentos fulcrais para compreender o Cristianismo e a História do Mundo, e a História contemporânea!

Tal como os anteriores, só inserirei nas postagens, o texto, as fontes, notas, e outras informações, podem visualizar directamente no site, donde eu estou a traduzir.
http://www.ccel.org/s/schaff/history/1_ch03.htm

Que Nossa Senhora abençoe este meu Trabalho como também os leitores!

sábado, 10 de outubro de 2009

Concessões Notáveis

Aqui o último capítulo dedicado à ressurreição, tem algumas partes que não traduzi porque estão numa língua que eu não conheço, já agora acho que é Alemão!

“Porque Ele vive e vive para sempre”

Boa Leitura!

Os mais capazes defensores da teoria da visão, são movidos contra o seu desejo e vontade de admitir algumas inexplicáveis realidades objectivas nas visões do Cristo Ressuscitado ou como a sua Ascensão.
Dr. Baur, de Tubingen (d. 1860), o grande crítico entre os historiadores da igreja, cépticos, e Líderes da escola Tubingen, finalmente conclui (como afirma na edição revista da sua História da Igreja dos primeiros três séculos, publicado pouco antes da sua morte, 1860), “nada, somente o milagre da ressurreição poderia dispersar as dúvidas que ameaçavam conduzir a Fé em si mesma a eterna noite da morte” (Nur das Wunder der Auferstehung konnte die Zweifel zerstreuen, welche den Glauben selbst in die ewige Nacht des Todes verstossen zu müssen schienen). Geschichte der christlichen Kirche, I. 39. É verdade que ele acrescenta que a natureza da própria Ressurreição reside fora da investigação histórica ("Was die Auferstehung an sich ist, liegt ausserhalb des Kreises der geschichtlichen Untersuchung"), mas também, que “para a Fé dos discípulos a Ressurreição de Jesus se tornou a mais sólida e mais irrefutável certeza. Nesta Fé unicamente o Cristianismo caminhou firmemente para o seu desenvolvimento histórico. (In diesem Glauben hat erst das Christenthum den festen Grund seiner geschichtlichen Entwicklung gewonnen.) O que a história exige como condição prévia necessária de tudo o que segue não é tanto o facto da própria Ressurreição [?] como a Fé no facto. Em qualquer Luz, podemos considerar a Ressurreição de Jesus, quer como um verdadeiro milagre objectivo ou como um subjectivo psicológico (als ein objectiv geschehenes Wunder, oder als ein subjectiv psychologisches), mesmo que concedamos a possibilidade de tal milagre, nenhuma análise psicológica consegue penetrar o processo espiritual interior pelo a qual a consciência céptica dos Discípulos na morte de Jesus Cristo foi transformada em uma crença da Ressurreição… Devemos descansar satisfeitos com isto, que para eles a Ressurreição de Cristo foi um facto da sua consciência, no qual para eles todos foi na realidade um histórico evento.” (Ibid., pp. 39, 40).
A conclusão notável de Baur relativamente à conversão de S. Paulo (Ibid., pp. 44, 45) que iremos analisar no seu devido lugar.
Dr. Ewald, de Gottingen (d. 1874), o grande orientalista e historiador de Israel, antagónico a Baur, é igual em profundos e corajosos estudos, independente, muitas vezes arbitrariamente crítico, mas superior em simpatia religiosa com o génio da Bíblia, descreve a ressurreição de Cristo na História da Idade Apostólica (Gesch. des Volkes Israel, vol. VI. 52 sqq.), em vez da vida de Cristo, resolve-a em puramente espiritual, embora logo continuou com manifestações do céu. No entanto ele faz uma declaração forte (p. 69) que “não há nada mais certo do que historicamente Cristo Ressuscitou dos mortos e apareceu Ele próprio, e que essa sua visão foi inicio da sua nova Fé e do trabalho Cristão. "Nichts steht geschichtlich fester," he says, "als dass Christus aus den Todten auferstanden den Seinigen wiederschien und dass dieses ihr wiedersehen der anfang ihres neuen höhern glaubens und alles ihres Christlichen wirkens selbst war. Es ist aber ebenso gewiss dass sie ihn nicht wie einen gewöhnlichen menschen oder wie einen aus dem grabe aufsteigenden schatten oder gespenst wie die sage von solchen meldet, sondern wie den einzigen Sohn Gottes, wie ein durchaus schon übermächtiges und übermenschliches wesen wiedersahen und sich bei späteren zurückerinnerungen nichts anderes denken konnten als dass jeder welcher ihn wiederzusehen gewürdigt sei auch sogleich unmittelbar seine einzige göttliche würde erkannt und seitdem felsenfest daran geglaubt habe. Als den ächten König und Sohn Gottes hatten ihn aber die Zwölfe und andre schon im leben zu erkennen gelernt: der unterschied ist nur der dass sie ihn jetzt auch nach seiner rein göttlichen seite und damit auch als den über den tod siegreichen erkannt zu haben sich erinnerten. Zwischen jenem gemeinen schauen des irdischen Christus wie er ihnen sowohl bekannt war und diesem höhern tieferregten entzückten schauen des himmlischen ist also dock ein innerer zusammenhang, so dass sie ihn auch jetzt in diesen ersten tagen und wochen nach seinem tode nie als den himmlischen Messias geschauet hätten wenn sie ihn nicht schon vorher als den irdischen so wohl gekannt hätten."
DR. KEIM, de Zurique (d. em Giessen, 1879), um aluno independente de Baur, e autor da mais elaborada e preciosa obra da vida de Cristo, que as escolas crítico liberais têm produzido, depois de terem dado todas as possíveis vantagens para a visão mítica da ressurreição, confessa que é, afinal, uma mera hipótese e falha para explicar o ponto principal. Ele diz (Geschichte Jesu von Nazara, III. 600): "Nach allen diesen Ueberlegungen wird man zugestehen müssen, dass auch die neuerdings beliebt gewordene Theorie nur eine Hypothese ist, welche Einiges erklärt, die Hauptsache nicht erklärt, ja im Ganzen und Grossen das geschichtlich Bezeugte schiefen und hinfälligen Gesichtspunkten unterstellt. Misslingt aber gleichmässig der Versuch, die überlieferte Aufs Auferstehungsgeschichte festzuhalten, wie das Unternehmen, mit Hilfe der paulinischen Visionen eine natürliche Erklärung des Geschehenen aufzubauen, so bleibt für die Geschichte zunächst kein Weg übrig als der des Eingeständnisses, dass die Sagenhaftigkeit der redseligen Geschichte und die dunkle Kürze der glaubwürdigen Geschichte es nicht gestattet, über die räthselhaften Ausgange des Lebens Jesu, so wichtig sie an und für sich und in der Einwirkung auf die Weltgeschichte gewesen sind, ein sicheres unumstössliches Resultat zu geben. Für die Geschichte, sofern sie nur mit benannten evidenten Zahlen und mit Reihen greifbarer anerkannter Ursachen und Wirkungen rechnet, existirt als das Thatsächliche und Zweifellose lediglich der feste Glaube der Apostel, dass Jesus auferstanden, und die ungeheure Wirkung dieses Glaubens, die Christianisirung der Menschheit". Na p. 601 ele expressa a convicção “que era o Cristo vivo e crucificado que, não como ressuscitado, mas sim como um Divinamente glorificado (als der wenn nicht Auferstandene, so doch vielmehr himmlisch Verherrlichte), deu visões aos seus Discípulos e revelou-se ele próprio para a sua Igreja”. Em sua última palavra sobre o grande problema, Keim, em vista ao esgotamento e falhanço da explicação natural, chega à conclusão, que deve, ou, com o Dr. Baur, humildemente confessar ignorância, ou regressar à fé dos Apóstolos que “viram o Senhor” (João 20:25). Ver a terceira e última edição da sua abreviada Geschichte Jesu, Zürich, 1875, p. 362.
DR. Schenkel, de Heidelberg, que em seu Charakterbild Jesu (terceira ed. 1864, pp. 231 sqq.) tinha adoptado a teoria visão numa forma mais elevada como puramente espiritual, embora verdadeira manifestação do Céu, confessa em seu último trabalho, Das Christusbild der Apostel (1879, p. 18) a sua incapacidade para resolver o problema da Ressurreição de Cristo, e diz: "Niemals wird es der Forschung gelingen, das Räthsel des Auferstehungsglaubens zu ergründen. Nichts aber steht fester in der Geschichte als die Thatsache dieses Glaubens; auf ihm beruht die Stiftung der christlichen Gemeinschaft ... Der Visionshypothese, welche die Christuserscheinungen der Jünger aus Sinnestäuschungen erklären will, die in einer Steigerung des ’Gemüths und Nervenlebens’ ihre physische und darum auch psychische Ursache hatten,... steht vor allem die Grundfarbe der Stimmung in den Jüngern, namentlich in Petrus, im Wege: die tiefe Trauer, das gesunkene Selbstvertrauen, die nagende Gewissenspein, der verlorne Lebensmuth. Wie soll aus einer solchen Stimmung das verklärte Bild des Auferstandenen hervorgehen, mit dieser unverwüstlichen Sicherheit und unzerstörbaren Freudigkeit, durch welche der Auferstehungsglaube die Christengemeinde in allen Stürmen und Verfolgungen aufrecht zu erhalten vermochte?"

sábado, 3 de outubro de 2009

A Ressurreição de Cristo V

"Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo." (1 Cor. 15:22)

Boa Leitura!

4. A TEORIA VISÃO. Cristo ressuscitou apenas na imaginação dos seus amigos, no qual confundiram um sonho ou uma visão subjectiva da realidade, e desse modo foram incentivados a proclamar a sua fé na Ressurreição com o risco de morte. O seu desejo era conceber uma Fé, a sua Fé concebeu um facto, e a Fé, uma vez iniciada, espalhou-se com o poder de uma epidemia religiosa de pessoa para pessoa de lugar para lugar. A sociedade Cristã forjou o milagre pelo seu intenso amor a Cristo. Desta forma, a ressurreição não pertence de forma nenhuma à história de Cristo, mas à vida interior dos seus discípulos. É apenas a personificação do renascer da sua Fé.
Esta hipótese foi inventada por um adversário pagão no segundo século e logo enterrada, mas renasceu para nova vida no século XIX, e espalhou-se como uma epidemia entre cépticos críticos na Alemanha, França, Holanda e Inglaterra221.
Os defensores desta hipótese, apelam em primeiro lugar e principalmente para a visão de São Paulo a caminho de Damasco, o que ocorreu alguns anos mais tarde, e está, no entanto, colocada ao nível da forma das aparências que ocorria com os apóstolos (1 Cor. 15:8), ao lado de supostas analogias na história do misticismo religioso e entusiástico, como as visões individuais de São Francisco de Assis, a Dama de Orleães, Santa Teresa (que acreditava que Ela tinha visto Jesus em pessoa, com os olhos da alma mais distintamente do que ela poderia ter visto Ele com os olhos do corpo), Swedenborg, mesmo Maomé, e as visões colectivas dos Montanists na Ásia Menor, o Camisards em França, a espectral ressurreição do mártir Thomas à Becket de Canterbury e Savonarola de Florença na excitada imaginação dos seus admiradores, e as aparições da Virgem Imaculada em Lourdes222.
Ninguém negará que fantasias subjectivas e impressões são muitas vezes confundidas com realidades objectivas. Mas, com a excepção do caso de São Paulo, que se deve considerar em seu devido lugar, e que acaba por ser, mesmo, de acordo com admissão dos líderes dos cépticos críticos, um poderoso argumento contra a teoria mítica ou visionária, essas supostas analogias são totalmente irrelevantes, pois, para não falar de outras diferenças, elas foram isoladas e um fenómeno que passou sem deixar marcas na história, enquanto a Fé na Ressurreição de Cristo revolucionou o mundo inteiro. Deve portanto, ser tratado em seus próprios méritos, como um caso único no total.
(a) O primeiro argumento contra a natureza da teoria visão, e em favor da realidade objectiva é o túmulo vazio de Cristo. Se ele não ressuscitou, o seu corpo deve ter sido removido ou permanecido no túmulo. Se removido pelos discípulos, seriam culpados de uma deliberada falsidade na pregação da ressurreição e, em seguida, a hipótese da teoria visão explodia na teoria da fraude. Se removido pelos inimigos, então estes inimigos tinham a melhor evidência contra a ressurreição, e não teriam falhado na seu objectivo e, portanto, para expor a blasfémia dos discípulos. O mesmo é verdade, se o corpo tivesse permanecido no túmulo. Os assassinos de Cristo certamente não perderiam esta oportunidade de destruir a própria fundação da seita odiada.
Para escapar desta dificuldade, Strauss remove a origem da ilusão para fora da Galileia, mesmo se os Discípulos fugiram, mas isto não ajuda a questão, eles voltaram para dentro de algumas semanas a Jerusalém, onde encontrámos todos eles na assembleia no dia do Pentecostes.
Este argumento é fatal mesmo para a hipótese mais condescendente, que admite uma manifestação espiritual de Cristo no céu, mas nega a ressurreição do corpo.
(b) Se Cristo realmente não Ressuscitou, então as palavras que Ele falou a Maria Madalena, para os discípulos de Emaús, ao duvidoso Tomé, a Pedro no lago de Tiberias, a todos os discípulos no Monte da Oliveira, foram igualmente piedosas ficções. Mas quem pode acreditar que palavras de tal dignidade e majestade, tão merecidas no solene momento da partida para o trono da glória, tal como o mandamento de pregar o Evangelho a toda a criatura, para baptizar as nações em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, e a promessa de estar com os seus discípulos até ao fim dos tempos, promessa perfeitamente verificada na experiência quotidiana da Igreja, como poderia proceder de sonhadores que enganavam-se a si próprios entusiasticamente ou fanáticos loucos ou qualquer mais do que o Sermão da Montanha ou a oração Sacerdotal! E quem, com alguma coisa de sentido histórico, pode supor que Jesus nunca institui o baptismo, que tem sido realizado em seu nome desde o dia do Pentecostes, e que, como a celebração da Ceia do Senhor, testemunha-o todos os dias em que o Sol nasce e põe!
(c) Se as visões da Ressurreição foi o produto de uma imaginação excitada, é inexplicável que elas tenham cessado subitamente no quadragésimo dia (Actos 1:15), e não ocorrerem a qualquer um dos discípulos mais tarde, com a única excepção de Paulo, que expressamente representa a visão de Cristo como “a última”. Mesmo no dia de Pentecostes Cristo não apareceu a Eles, mas, de acordo com a sua promessa “ o outro Paráclito” desceu sobre Eles; O Estevão viu Cristo no Céu, não na Terra.223
(d) A principal objecção à teoria da visão, é a sua intrínseca impossibilidade. Isso torna a mais exorbitante reivindicação sob a nossa credulidade. Obriga-nos a acreditar que muitas pessoas, individuais e colectivas, em diferentes épocas, e em diferentes lugares, de Jerusalém a Damasco, tiveram a mesma visão o mesmo sonho, desde mulheres no sepulcro aberto no inicio da manhã, Pedro e João e logo depois, os dois discípulos caminhando para Emaús à tarde do dia da ressurreição, os Apóstolos reunidos de noite, na ausência de Tomé, de novo no seguinte Dia do Senhor, na presença do céptico Tomé, aos sete Apóstolos no lago de Tiberias, em uma ocasião a quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda estavam vivos quando Paulo relatou o facto e, em seguida, Tiago, o irmão do Senhor, que anteriormente não acreditava nele, outra vez aos Apóstolos no Monte da Oliveira na Ascensão, e finalmente ao determinado, forte de espírito e perseguidor a caminho de Damasco, e a todos os Homens e Mulheres em todas essas diferentes ocasiões, que vaidosamente imaginaram que viram e ouviram o mesmo Jesus, em forma corporal, e que por esta visão onde todos se fundamentaram, ergueram-se de uma só vez a partir da mais profunda escuridão em que a crucificação do Senhor os tinha deixado, para a mais audaciosa Fé e mais forte Esperança que impeliu-os a proclamar o Evangelho e a Ressurreição desde Jerusalém a Roma para o fim das suas vidas! E essa ilusão dos primeiros Discípulos criou a maior revolução não só nas suas próprias opiniões e de conduta, mas entre os Judeus e Gentios e na subsequente história da Humanidade! Esta ilusão, no qual esperam que nós cremos, esses não crentes, deu à luz o mais real e o mais poderoso de todos os factos, a Igreja Cristã que durou estes dezoito séculos e hoje está espalhado por todo o mundo civilizado, abrangendo mais membros do que nunca, e exercendo um poder moral do que todos os Reinos e todas as outras Religiões combinadas!
A teoria da visão, em vez de se livrar do milagre, apenas muda-o de facto para ficção, criando uma vazia desilusão mais poderosa do que a verdade, ou tornando toda a própria História numa delírio. Antes que possamos argumentar a Ressurreição de Cristo, como fora da História, devemos discutir a existência dos Apóstolos e o próprio Cristianismo. Ou admitimos o milagre, ou francamente confessar que nos encontrámos aqui perante um mistério inexplicável.