sábado, 17 de setembro de 2011

De como Apolônio morreu mártir em Roma

História Eclesiástica - Eusébio Cesaréia (continuação)

Boa Leitura!

1. Por este tempo do reinado de Cômodo, nossa situação mudou para uma maior suavidade. A paz, com ajuda da graça divina, abarcava todas as igrejas de toda a terra habitada. Foi também quando a doutrina salvadora ia pouco a pouco ganhando todas as almas de toda classe de homens para o culto piedoso do Deus de todas as coisas, tanto que inclusive muitos dos que em Roma sobressaíam por sua riqueza e linhagem marchavam ao encontro de sua salvação com toda sua casa e toda sua família.
2.Mas o demônio não podia suportar isto, inimigo do bem e invejoso como é por natureza, e em conseqüência preparava-se novamente para o combate enquanto maquinava variados atentados contra nós. Na cidade de Roma conduziu Apolônio ante os tribunais, varão famoso entre os fiéis de então por sua educação e filosofia, e para acusá-lo levantou um ministro seu qualquer, gente apropriada para estas tarefas.
3.Mas em má hora o desgraçado introduziu a causa, porque segundo um decreto imperial384, não se permitia que vivessem os acusadores de tais homens, e na hora foram-lhe quebradas as pernas, pois tal sentença foi formulada contra ele pelo juiz Perennio385.
4.O mártir, por sua parte, amado de Deus, apesar de o juiz rogar-lhe com muita insistência e pedirlhe que desse razão ante o senado, apresentou diante de todos uma eloqüente apologia da fé pela qual dava testemunho, e morreu decapitado, como por decreto do senado, já que uma antiga lei ordenava entre eles que não se deixasse ir os que comparecessem uma vez ante o tribunal e não mudassem em absoluto de propósito.
5.Assim pois, quem deseje ler as palavras de Apolônio ante o juiz e as respostas que deu ao interrogatório de Perennio, assim como sua apologia dirigida ao senado, inteira, poderá vê-lo na relação escrita dos antigos martírios que compilamos.

384 Eusébio deve basear-se em algum presumido decreto imperial que tomou por autêntico.
385 Tigidius Perennis, prefeito do pretório entre 183 e 185.

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