quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sobre Inácio e suas cartas

Boas!, queria dizer que nunca respondi a nenhum comentário, porque simplesmente não sabia que tinham comentado e eu também nunca verifiquei, mas agora já meti moderação e por isso vou ser sempre avisado sempre que alguém comente ^^
Também gostava de saber, se querem que volte a seguir o Philip Schaff, apesar de ser protestante, e por isso salientar muito o apóstolo S. Paulo e ter umas opiniões um pouco heterodoxas, eu pelo menos tenho que admitir que a maneira como escreve é eloquente e a sua historiografia já é muito moderna (com isto quero dizer, procura saber o que é falso e verdadeiro, provando), e por isso estou tentado a dar-lhe outra oportunidade, apesar de algumas partes dos seus textos, só me apetecer censurar (falo aqui das suas opiniões e interpretações) lol
Quanto à História Eclesiástica continuaria a segui-la.. são dois tipos de história completamente diferentes por isso mesmo não são a mesma coisa. O que acham, devo voltar a seguir o Philip Schaff?

Boa Leitura!

1.Brilhava por este tempo na Ásia Policarpo, discípulo dos apóstolos, a quem as testemunhas oculares e os ministros do Senhor tinham confiado o episcopado da igreja de Esmirna.
2.Ao mesmo tempo adquiriram notoriedade Papias, bispo da igreja de Hierápolis, e Inácio, o homem mais célebre para muitos ainda hoje, segundo a obter a sucessão de Pedro no episcopado de Antioquia.
3.Uma tradição refere que este foi trasladado da Síria à cidade de Roma para ser alimento das feras, em testemunho de Cristo.
4.Ao ser conduzido através da Ásia, sob a vigilância cuidadosa dos guardiões, dava ânimo com suas falas e exortações às igrejas de cada cidade onde faziam parada. Primeiramente exortava-os a que sobretudo se guardassem das heresias, que precisamente então começavam a pulular, e estimulava-os a segurar-se solidamente à tradição dos apóstolos, que, por estar ele já a ponto de sofrer o martírio, achava necessário pôr por escrito para fins de segurança.
5.E foi assim que, achando-se em Esmirna, onde estava Policarpo, escreveu uma carta à igreja de Éfeso, mencionando Onésimo, seu pastor; outra à de Magnesia, a que está sobre Meandro, mencionando igualmente o bispo Damas, e outra à de Trales, cujo chefe era então Políbio, segundo diz.
6.Além destas, escreveu também à igreja de Roma uma carta em que expõe sua súplica para que não intercedam por ele, para não privá-lo do martírio, sua sonhada esperança. Em apoio ao que dissemos, será bom citar algumas passagens das citadas cartas, ainda que brevíssimas: Escreve pois, textualmente:
7."Desde a Síria até Roma venho lutando com feras por terra e por mar, de noite e de dia, atado a dez leopardos, isto é, um grupo de soldados que ficam piores com o bem que se lhes faz. Mas com seus maus-tratos torno-me mais e mais discípulo. Mesmo assim, nem por isso estou justificado253.
8."Oxalá pudesse eu usufruir das feras que me estão preparadas! Espero encontrá-las bem ligeiras para comigo. Chegarei até a adulá-las para que me devorem rapidamente e não me façam o que fizeram a alguns, que por temor não tocaram, e se fazem de preguiçosas e não querem, eu mesmo as forçarei.
9.Perdoai-me. Eu sei o que me convém. Agora estou começando a ser discípulo. Que nenhuma coisa visível ou invisível tenha ciúme de que eu alcance a Jesus Cristo. Fogo, cruz e manadas de feras, dispersão de ossos, destroncamento de membros, trituração do corpo todo e tormentos do diabo venham sobre mim, contanto somente que eu alcance a Jesus Cristo."
10.Isto escrevia da cidade mencionada às igrejas que enumeramos. Mas achando-se já longe de Esmirna, desde Troasse põe-se a conversar, por escrito mesmo, com os de Filadélfia e com a igreja de Esmirna, e em particular com Policarpo, que a presidia. Reconhecendo este como homem verdadeiramente apostólico e porque ele mesmo era pastor legítimo e bom, confia-lhe seu próprio rebanho de Antioquia e pede-lhe que se ocupe dele com solicitude.
11.Ele mesmo, escrevendo aos de Esmirna e citando passagens não sei de onde, discorre sobre Cristo com estas palavras: "Quanto a mim, sei e creio que mesmo depois da ressurreição permanece em sua carne, e quando se aproximou dos que rodeavam Pedro disse-lhes: 'Tomai e apalpai-me, e vede que não sou um espírito incorpóreo.' Na mesma hora eles o tocaram e creram254."
12. Também Irineu conhece seu martírio e faz menção de suas cartas quando diz assim: "Como disse um dos nossos, condenado às feras por seu testemunho em favor de Deus, 'sou trigo de Deus e pelos dentes das feras sou moído para ser encontrado como pão puro.'
13. E Policarpo também faz menção disto na carta que se diz ser dele, dirigida aos Filipenses, quando diz textualmente: "Exorto-vos pois todos a obedecer e exercitar toda a paciência, a que vistes com vossos olhos não somente nos bem-aventurados Inácio, Rufo e Zózimo, mas também em outros dos vossos, e no próprio Paulo e nos demais apóstolos, persuadidos de que não correram em vão255, mas na fé e na justiça, e de que já estão no lugar que lhes é devido, junto ao Senhor, com o qual padeceram. Porque não amaram este século, mas aquele que morreu por nós e por nós também ressuscitou, por obra de Deus." E acrescenta logo:
14."Vós e Inácio escrevestes-me para que, se alguém fosse à Síria, levasse também vossas cartas. Isto farei quando encontrar ocasião favorável, eu mesmo ou alguém que eu envie e que será também embaixador de vossa parte.
15.As cartas de Inácio que ele enviou e todas as outras que tínhamos connosco, vo-las envio, como haveis pedido; seguem anexas à presente carta. Delas podereis tirar grande proveito, já que estão cheias de fé, de paciência e de toda edificação concernente a nosso Senhor." Isto é o que se refere a Inácio. Depois dele Heros recebeu a sucessão do episcopado de Antioquia.


253 1 Co 4:4.
254 A passagem, que pode ter sido tirada do Evangelho dos Hebreus, corresponde a Lc 24:38-40.
255 Fp 2:16.

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