domingo, 31 de outubro de 2010

O Milagre do Pentecostes e o nascimento da Igreja Cristã A.D. 30. Parte III

Philip Schaff - "History of the Christian Church" (continuação)

"Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi, e vos constitui, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda." João 15:16

O autor continua a descrever o pentecostes, como uma manifestação do sacerdócio universal dos fieis, que ele diz, acontecerá no fim dos tempos aonde cada um verá face a face.. No entanto até à vitória definitiva da Igreja, a vocação de sacerdócio propriamente dita, pertence à hierarquia do clero, no qual os fiéis são "sacerdotes", no sentido que participam do sacrifício, mas não da mesma forma e nem no mesmo grau. Já nos Actos são encontradas referências, como a imposição das mãos, para entrar neste ministério (cf. Actos 14, 23; 1 Tm 4, 14). . O autor parece ter também uma interpretação protestante no que diz respeito ao falar em línguas, distinguindo em dois tipos, um falar de línguas de louvor, e outro de ensinamento.. É uma interpretação mais complexa e complicada de defender, pois se o 'falar de línguas' serviu para que os estrangeiros entendessem o que os Apóstolos ensinavam, porque o 2º tipo de 'falar de línguas' que ele distingue seria diferente semanticamente, para transformar o seu significado num êxtase imperceptível de louvor? Nas próximas postagens, o autor vai então tentar interpretar o que é a Glossolalia..
Boa Leitura!

Mas a comunicação do Espírito Santo não se limita aos Doze. Ela estendeu-se aos irmãos do Senhor, à mãe de Jesus, às piedosas mulheres que tinham cooperado no seu ministério, e toda a irmandade de cento e vinte almas que estavam reunidos naquela câmara265. Eles foram "todos" cheios do Espírito Santo, e todos falavam em línguas266; e Pedro viu no acontecimento, a promessa do derramamento do Espírito sobre "toda a carne," filhos e filhas, jovens e velhos, servos e servas267. É característico que nesta primavera da igreja as mulheres estavam com os homens, e não em um tribunal próprio, como no templo, nem dividido por uma partição como nas sinagogas e nas igrejas do oriente até este dia, mas na mesma sala como participantes iguais nas bênçãos espirituais. O começo foi uma antecipação profética do fim, e uma manifestação do sacerdócio universal e a fraternidade entre os crentes em Cristo, em quem todos são um, seja judeu ou grego, escravo nem livre, homem ou mulher268.
Esta nova vida espiritual, iluminada, controlada e dirigida pelo Espírito Santo, manifestou-se primeiro no falar em línguas para Deus, e, no testemunho profético em relação ao povo. O primeiro consistiu em orações arrebatadoras e hinos de louvor, o último de ensino sóbrio e exortação. Do Monte da Transfiguração os discípulos, seguindo seu Mestre, desceram para o vale abaixo para curar os doentes e para chamar os pecadores ao arrependimento.
O misterioso dom de línguas, ou glossolalia, aparece aqui pela primeira vez, mas tornou-se, como outros dons extraordinários do Espírito, um fenómeno frequente nas Igrejas Apostólicas, especialmente em Coríntio, onde é totalmente descrito por Paulo. A distribuição das línguas de fogo a cada um dos discípulos causou a glossolalia. Uma nova experiência manifesta-se sempre numa linguagem adequada. A experiência sobrenatural dos discípulos rompeu os limites do discurso comum e explodiu numa linguagem êxtase de louvor e agradecimento a Deus pelas grandes obras que ele fez entre eles269. Foi o próprio Espírito que lhes concedeu que falassem tocando em suas línguas, como que em novas harpas afinadas, saindo melodias sobrenaturais de louvor. A glossolalia estava aqui, como em todos os casos em que é mencionada, em um acto de culto e adoração, não um acto de ensino e instrução, que se seguiu mais tarde, no sermão de Pedro. Foi o primeiro Te Deum da Igreja recém-nascido. Manifestou-se em incomum, estilo poético e com uma entonação peculiar musical. Era compreensível apenas para aqueles que estavam em solidariedade com o orador, enquanto os incrédulos olheiros atribuíam à loucura ou ao excesso de vinho. No entanto, serviu como um sinal importante para todos e lhes chamou a atenção para a presença de um poder sobrenatural270.
Aparentemente podemos dizer que a glossolalia pentecostal foi a mesma que na casa de Cornélio em Cesaréia, após sua conversão, que podemos chamar de Pentecostes Gentio271, como o dos doze discípulos de João Baptista em Éfeso, onde aparece em conexão com o dom da profecia272, e, como na congregação cristã em Corintio273.
Mas em sua primeira manifestação, falar em línguas diferia em seu efeito sobre os ouvintes porque voltava a eles em suas próprias línguas-mãe, enquanto que em Coríntio é necessária uma interpretação para ser compreendido. Os espectadores estrangeiros, pelo menos, um certo número deles, acreditava que os galileus analfabetos falaram compreensível, os dialectos diferentes representados na ocasião274. Devemos, portanto, supor que os próprios discípulos, foram dotados, pelo menos temporariamente, e com a finalidade específica de provar a sua missão divina, com o dom de línguas estrangeiras não aprendidas por eles antes, ou que o Espírito Santo como distribuiu as línguas actuou também como intérprete da língua, apurando as declarações dos oradores capazes, entre os ouvintes.

sábado, 30 de outubro de 2010

Da carta de Clemente e os escritos que falsamente lhe atribuem

História Eclesiástica - Eusébio Cesaréia (continuação)

Boa Leitura!

1.Não cabe dúvida, portanto, de que tais são Inácio, em suas cartas cuja lista fornecemos, e Clemente na carta por todos admitida, que escreveu em nome da igreja de Roma à de Corinto. Nela Clemente expõe muitos pensamentos da Carta aos Hebreus, e inclusive utiliza textualmente algumas passagens da mesma, mostrando assim com toda claridade que este escrito não é recente.
2.Por isso pareceu natural catalogá-lo entre os demais escritos do apóstolo. Porque Paulo praticou por escrito com os hebreus valendo-se de sua língua pátria, e alguns dizem que a carta foi traduzida pelo evangelista Lucas, mas outros afirmam que foi o próprio Clemente,
3.o que talvez seja mais verdadeiro pelo fato de ambas, a Carta de Clemente e a Carta aos Hebreus, conservarem um carácter estilístico semelhante, além de não se diferenciar muito o pensamento de um e outro escrito.
4.Deve-se saber ainda que há uma segunda carta que se diz de Clemente, mas não sabemos que seja conhecida como a primeira, já que nem os antigos a utilizaram, tanto quanto sabemos.
5.E muito recentemente alguns trouxeram à luz, dizendo que são dele, outros escritos, verbosos e longos, que contêm os diálogos de Pedro e Apion. Destes escritos não se encontra a menor menção entre os antigos, nem mesmo conservam puro o carácter da ortodoxia apostólica. Consequentemente fica claro qual é o escrito aceito de Clemente. Também se falou dos de Inácio e de Policarpo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Milagre do Pentecostes e o nascimento da Igreja Cristã A.D. 30. Parte II

Philip Schaff - "History of the Christian Church" (continuação)

"Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e damos testemunho dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai, e nos foi manifestada;" 1 João 1:2

Boa Leitura!

Enquanto os apóstolos e discípulos, cerca de cento e vinte (10x12) em número, sem dúvida, principalmente galileus257, foram reunidos antes das orações de manhã do dia festivo, estando e esperando na oração pelo cumprimento da promessa, quando o glorificado Salvador enviou então, do seu trono celestial o Espírito Santo sobre eles, fundando a sua Igreja sobre a terra. A legislação do Sinai foi acompanhada de "trovões e relâmpagos, uma espessa nuvem sobre o monte, e à voz de uma trombeta muito forte, todo o povo que estava no arraial estremeceu258. " A Igreja militante da nova aliança, nasceu com sinais arrebatadores que encheu os espectadores de admiração e medo. É muito natural, como observa Neander, que "o maior milagre na vida interior do homem devia ter sido acompanhado por extraordinários fenómenos externos como indicações sensíveis da sua presença." Um som sobrenatural semelhante a um vento impetuoso259, desceu do céu e encheu toda a casa em que estavam reunidos, e línguas como chamas de fogo, distribuíram-se entre eles, pousando um pouco sobre cada cabeça260. Não está dito que esses fenómenos foram realmente constituídos por vento e fogo, estão apenas em relação a esses elementos261, como a forma que o Espírito Santo assumiu no baptismo de Cristo é comparada a uma pomba262. As línguas de fogo foram brilhantes, mas não queimavam nem consumiam, elas apareciam e desapareciam como faíscas eléctricas ou brilhos meteóricos. Mas estes sinais audíveis e visíveis eram os símbolos adequados do poder de purificação, iluminação, e vivificante do Espírito Divino, anunciando uma nova criação espiritual. A forma de línguas refere-se à glossolalia (inteligível), e à eloquência apostólica como uma dádiva de inspiração.

"E todos ficaram cheios do Espírito Santo". Este é o verdadeiro milagre interior, o facto principal, a ideia central da narrativa Pentecostal. Para os apóstolos foi o seu baptismo, confirmação e ordenação, tudo em um, pois não receberam outra263. Para eles, foi a grande inspiração que lhes permitiram ser a autoridade no ensino do evangelho pela língua e caneta. Não é que isso não possa ser superado no crescimento subsequente do conhecimento da revelação, ou revelações especiais em pontos específicos (como Pedro recebeu em Jope, e Paulo, em várias ocasiões), mas eles foram dotados de um tal entendimento das palavras de Cristo e do plano de salvação, como eles nunca tiveram antes. O que era escuro e misterioso tornou-se agora claro e cheio de significado para eles. O Espírito revelou a eles a pessoa e a obra do Redentor, à luz da sua Ressurreição e Exaltação, e tomou plena posse de sua mente e coração. Eles foram elevados, por assim dizer, para o monte da transfiguração, vendo Moisés e Elias e Jesus acima deles, cara a cara, mergulhados em luz celestial. Tinham agora, mais do que um desejo de agradar, um objectivo para viver, ou seja, para ser testemunhas de Cristo e instrumentos da salvação dos homens, pois toda a criatura humana, foi também chamada a tornar participante da herança "incorruptível, incontaminável, e imarcescível, reservada nos céus264."


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dos evangelistas que ainda então se distinguiam

História Eclesiástica - Eusébio Cesaréia (continuação)

Boa Leitura!

1.Entre os que eram famosos neste tempo, achava-se também Codratos, sobre o qual uma tradição refere que sobressaía em carisma profético, juntamente com as filhas de Felipe. Também eram célebres então, além destes, muitos outros que tiveram o primeiro lugar na sucessão dos apóstolos. Estes magníficos discípulos de tão grandes homens edificavam sobre os fundamentos das igrejas deixados anteriormente em cada lugar pelos apóstolos256. Aumentavam mais e mais a pregação e semeavam por toda a extensão da terra habitada a semente salvadora do reino dos céus.
2.Efectivamente, muitos dos discípulos de então, tocados na alma pela palavra divina com um amor muito forte à filosofia257, primeiramente cumpriam o mandamento salvador repartindo seus bens entre os indigentes258, e depois empreendiam viagem e realizavam trabalho de evangelistas259, empenhando sua honra em pregar aos que ainda não haviam ouvido a palavra da fé e em transmitir por escrito os divinos evangelhos260.
3.Estes homens nada mais faziam que deitar os fundamentos da fé em alguns lugares estrangeiros e estabelecer outros como pastores, encarregando-os do cultivo dos recém-admitidos, e em seguida mudavam-se para outras regiões e outros povos com a graça e a cooperação de Deus, já que por meio deles continuavam realizando-se ainda então muitos e maravilhosos poderes do Espírito divino, de forma que, desde a primeira vez que os ouviam, multidões inteiras de pessoas recebiam em massa com ardor em suas almas a religião do Criador do universo.
4.Sendo-nos impossível enumerar pelo nome todos os que na primeira geração de apóstolos foram pastores e inclusive evangelistas nas igrejas de todo o mundo, é natural que mencionemos por seus nomes e por escrito apenas aqueles dos quais se conserva a tradição até hoje graças a suas memórias da doutrina apostólica.


256 1 Co 3:10; Ef 2:20.
257 Significa a doutrina cristã vivida.
258 Mt 19:21; Mc 10:21; Lc 18:22.
259 2 Tm 4:5.
260 Rm 15:20-21.

domingo, 24 de outubro de 2010

O Milagre do Pentecostes e o nascimento da Igreja Cristã A.D. 30. Parte I

"É por isso que vos digo: Não vos preocupeis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir, pois a vida é mais que o alimento, e o corpo mais que o vestuário."Lc 12:22-23;

Vou recomeçar a seguir o Philip Schaff, começando no capítulo IV- S. Pedro e a conversão dos Judeus - dado ter acabado o capítulo 3 com a cronologia Apostólica. Continuarei a seguir também Eusébio de Cesareia. Em principio às Quintas e Sábados continuarei este último, e às Sextas e Domingos o primeiro. O autor vai agora escrever sobre o 1º Pentecostes cristão.

Boa leitura!

A ascensão de Cristo ao céu foi seguida dez dias depois pela descida do Espírito Santo sobre a terra e o nascimento da Igreja (Católica). O evento Pentecostal foi o resultado necessário a seguir ao efeito da Páscoa. Ele nunca poderia ter ocorrido sem a anterior Ressurreição e Ascensão. Foi o primeiro acto do reino mediador do Redentor exaltado no Céu, e o início de uma série ininterrupta de manifestações na observância da sua promessa de estar com o seu povo, “sempre, até aos fins dos tempos". Pois a sua ascensão foi apenas um retiro de sua presença local e visível, e o início da sua omnipresença espiritual na Igreja, que é "seu corpo, a plenitude daquele, que cumpre tudo em todos". O milagre da Páscoa e o milagre Pentecostal são contínuos e verificados pelos milagres morais quotidianos da regeneração e da santificação de toda a Cristandade.

Temos apenas um relato autêntico do evento que marcou (a história mundial), no segundo capítulo dos Actos, mas na despedida de Nosso Senhor endereçada aos seus discípulos, a promessa do Paráclito que deveria conduzi-los à Verdade inteira é muito proeminente
251, no qual toda a história da Igreja Apostólica é iluminada e aquecida pelo fogo Pentecostal252.

Pentecostes, ou seja, o quinquagésimo dia após a Páscoa, Sábado
253, uma festa de alegria e júbilo, na mais bela estação do ano, que atraía um grande número de visitantes de terras estrangeiras a Jerusalém254. Uma das três grandes festas anuais dos judeus em que todos os homens eram obrigados a comparecer perante o Senhor. A Páscoa era a primeira, e a festa dos Tabernáculos, a terceira. O Pentecostes dura um dia, mas os judeus estrangeiros, após o período do cativeiro, ampliaram para dois dias. Era a "festa da colheita", ou "dos primeiros frutos", e também (segundo a tradição rabínica) a comemoração do aniversário da legislação do Sinai, que ocorreu supostamente no quinquagésimo dia após o Êxodo da terra de servidão255.

Este festival foi admiravelmente adaptado para o evento de abertura da história da Igreja Apostólica. Recorda normalmente a primeira colheita de cristãos, e o estabelecimento da teocracia nova em Cristo, conforme o sacrifício do Cordeiro Pascal e o êxodo do Egipto prenunciavam a redenção do mundo pela crucificação do Cordeiro de Deus. Em nenhum outro dia poderia a efusão do Espírito sublimado do Redentor produzir resultados tão ricos e ao mesmo tempo tornar-se tão amplamente conhecido. Podemos traçar neste dia, não só a origem da Igreja mãe em Jerusalém, mas também a conversão dos visitantes de outras cidades, como Damasco, Antioquia, Alexandria e Roma, que em seu retorno iriam levar o Evangelho para seus lares distantes. Pois os estrangeiros enumerados por Lucas como testemunhas do grande evento, representam quase todos os países em que o Cristianismo foi plantado pelo trabalho do apostolos
256.


Nota: () as palavras dentro de parênteses são minhas.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sobre Inácio e suas cartas

Boas!, queria dizer que nunca respondi a nenhum comentário, porque simplesmente não sabia que tinham comentado e eu também nunca verifiquei, mas agora já meti moderação e por isso vou ser sempre avisado sempre que alguém comente ^^
Também gostava de saber, se querem que volte a seguir o Philip Schaff, apesar de ser protestante, e por isso salientar muito o apóstolo S. Paulo e ter umas opiniões um pouco heterodoxas, eu pelo menos tenho que admitir que a maneira como escreve é eloquente e a sua historiografia já é muito moderna (com isto quero dizer, procura saber o que é falso e verdadeiro, provando), e por isso estou tentado a dar-lhe outra oportunidade, apesar de algumas partes dos seus textos, só me apetecer censurar (falo aqui das suas opiniões e interpretações) lol
Quanto à História Eclesiástica continuaria a segui-la.. são dois tipos de história completamente diferentes por isso mesmo não são a mesma coisa. O que acham, devo voltar a seguir o Philip Schaff?

Boa Leitura!

1.Brilhava por este tempo na Ásia Policarpo, discípulo dos apóstolos, a quem as testemunhas oculares e os ministros do Senhor tinham confiado o episcopado da igreja de Esmirna.
2.Ao mesmo tempo adquiriram notoriedade Papias, bispo da igreja de Hierápolis, e Inácio, o homem mais célebre para muitos ainda hoje, segundo a obter a sucessão de Pedro no episcopado de Antioquia.
3.Uma tradição refere que este foi trasladado da Síria à cidade de Roma para ser alimento das feras, em testemunho de Cristo.
4.Ao ser conduzido através da Ásia, sob a vigilância cuidadosa dos guardiões, dava ânimo com suas falas e exortações às igrejas de cada cidade onde faziam parada. Primeiramente exortava-os a que sobretudo se guardassem das heresias, que precisamente então começavam a pulular, e estimulava-os a segurar-se solidamente à tradição dos apóstolos, que, por estar ele já a ponto de sofrer o martírio, achava necessário pôr por escrito para fins de segurança.
5.E foi assim que, achando-se em Esmirna, onde estava Policarpo, escreveu uma carta à igreja de Éfeso, mencionando Onésimo, seu pastor; outra à de Magnesia, a que está sobre Meandro, mencionando igualmente o bispo Damas, e outra à de Trales, cujo chefe era então Políbio, segundo diz.
6.Além destas, escreveu também à igreja de Roma uma carta em que expõe sua súplica para que não intercedam por ele, para não privá-lo do martírio, sua sonhada esperança. Em apoio ao que dissemos, será bom citar algumas passagens das citadas cartas, ainda que brevíssimas: Escreve pois, textualmente:
7."Desde a Síria até Roma venho lutando com feras por terra e por mar, de noite e de dia, atado a dez leopardos, isto é, um grupo de soldados que ficam piores com o bem que se lhes faz. Mas com seus maus-tratos torno-me mais e mais discípulo. Mesmo assim, nem por isso estou justificado253.
8."Oxalá pudesse eu usufruir das feras que me estão preparadas! Espero encontrá-las bem ligeiras para comigo. Chegarei até a adulá-las para que me devorem rapidamente e não me façam o que fizeram a alguns, que por temor não tocaram, e se fazem de preguiçosas e não querem, eu mesmo as forçarei.
9.Perdoai-me. Eu sei o que me convém. Agora estou começando a ser discípulo. Que nenhuma coisa visível ou invisível tenha ciúme de que eu alcance a Jesus Cristo. Fogo, cruz e manadas de feras, dispersão de ossos, destroncamento de membros, trituração do corpo todo e tormentos do diabo venham sobre mim, contanto somente que eu alcance a Jesus Cristo."
10.Isto escrevia da cidade mencionada às igrejas que enumeramos. Mas achando-se já longe de Esmirna, desde Troasse põe-se a conversar, por escrito mesmo, com os de Filadélfia e com a igreja de Esmirna, e em particular com Policarpo, que a presidia. Reconhecendo este como homem verdadeiramente apostólico e porque ele mesmo era pastor legítimo e bom, confia-lhe seu próprio rebanho de Antioquia e pede-lhe que se ocupe dele com solicitude.
11.Ele mesmo, escrevendo aos de Esmirna e citando passagens não sei de onde, discorre sobre Cristo com estas palavras: "Quanto a mim, sei e creio que mesmo depois da ressurreição permanece em sua carne, e quando se aproximou dos que rodeavam Pedro disse-lhes: 'Tomai e apalpai-me, e vede que não sou um espírito incorpóreo.' Na mesma hora eles o tocaram e creram254."
12. Também Irineu conhece seu martírio e faz menção de suas cartas quando diz assim: "Como disse um dos nossos, condenado às feras por seu testemunho em favor de Deus, 'sou trigo de Deus e pelos dentes das feras sou moído para ser encontrado como pão puro.'
13. E Policarpo também faz menção disto na carta que se diz ser dele, dirigida aos Filipenses, quando diz textualmente: "Exorto-vos pois todos a obedecer e exercitar toda a paciência, a que vistes com vossos olhos não somente nos bem-aventurados Inácio, Rufo e Zózimo, mas também em outros dos vossos, e no próprio Paulo e nos demais apóstolos, persuadidos de que não correram em vão255, mas na fé e na justiça, e de que já estão no lugar que lhes é devido, junto ao Senhor, com o qual padeceram. Porque não amaram este século, mas aquele que morreu por nós e por nós também ressuscitou, por obra de Deus." E acrescenta logo:
14."Vós e Inácio escrevestes-me para que, se alguém fosse à Síria, levasse também vossas cartas. Isto farei quando encontrar ocasião favorável, eu mesmo ou alguém que eu envie e que será também embaixador de vossa parte.
15.As cartas de Inácio que ele enviou e todas as outras que tínhamos connosco, vo-las envio, como haveis pedido; seguem anexas à presente carta. Delas podereis tirar grande proveito, já que estão cheias de fé, de paciência e de toda edificação concernente a nosso Senhor." Isto é o que se refere a Inácio. Depois dele Heros recebeu a sucessão do episcopado de Antioquia.


253 1 Co 4:4.
254 A passagem, que pode ter sido tirada do Evangelho dos Hebreus, corresponde a Lc 24:38-40.
255 Fp 2:16.

De como o quarto a dirigir a Igreja de Roma é Evaristo

Boa Leitura!

1. Dos bispos de Roma, no terceiro ano do imperador anteriormente citado, Clemente terminou sua
vida depois de transmitir seu cargo a Evaristo e de haver estado no total nove anos à frente do
ensinamento da palavra divina252.

252 O terceiro ano de Trajano foi 100-101, mas Clemente deve ter morrido antes, Evaristo provavelmente assumiu
em 99.

domingo, 17 de outubro de 2010

De como Trajano impediu que se perseguisse os cristãos

Boa Leitura!

1.Tão grande foi realmente a perseguição que naquele tempo estendeu-se em muitos lugares contra nós, que Plínio Segundo249, notável entre os governadores, inquieto pela multidão de mártires, relata ao imperador sobre o excessivo número dos que eram executados por sua fé, e no mesmo documento adverte que nunca foram surpreendidos cometendo nada ímpio ou contrário às leis, se não for pelo fato de levantarem-se à aurora para entoar hinos a Cristo como a um Deus, mas que adulterar e cometer homicídios e crimes do mesmo tipo também era proibido para eles, e que em tudo agem conforme as leis.
2.A resposta de Trajano foi promulgar um decreto do seguinte teor: que não se perseguisse a tribo dos cristãos, mas que se castigasse quem caísse. Graças a isto extinguiu-se parcialmente a perseguição, que ameaçava apertar terrivelmente, mas nem por isso faltaram pretextos aos que queriam fazer-nos mal. Algumas vezes eram as populações, outras as próprias autoridades locais que preparavam os assédios contra nós, de forma que, ainda que sem perseguições manifestas, acenderam-se focos parciais, segundo as províncias, e grande número de crentes combateram em diversos gêneros de martírio.
3.O relato foi tomado da Apologia latina de Tertuliano, mencionada mais acima, traduzido, é como segue: "Mesmo assim, encontramos que foi proibido até que nos persigam. Efectivamente, Plínio Segundo, governador de uma província250, depois de condenar alguns cristãos e depô-los de suas dignidades, assustado por seu número e já não sabendo o que lhe restava fazer, consultou o imperador Trajano, alegando que, por não quererem adorar os ídolos, nada de ímpio havia encontrado neles. Informava-lhe também o seguinte: que os cristãos se levantavam à aurora e cantavam hinos a Cristo como a Deus e que, para manter seu conhecimento251, era-lhes proibido matar, cometer adultério, cobiçar, roubar e coisas parecidas. A isto Trajano respondeu que não se perseguisse a tribo dos cristãos, mas que se castigasse quem caísse." Também isto ocorreu neste tempo.

249 Caio Plínio Cecilio Segundo, conhecido como Plínio o Jovem, sobrinho e filho adoptivo de Plínio o Velho, autor da Historia naturalis.
250 Plínio foi governador da Bitínia em 111-112.
251 Esta expressão fica obscura no texto grego.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

De como sofreu o martírio Simeão, bispo de Jerusalém

Boa Leitura!

1.Depois de Nero e Domiciano, conta uma tradição que, sob o imperador cuja época estamos agora investigando242, voltaram a ocorrer perseguições contra nós, parcialmente e por cidades, devido a levantes populares. Nesta época, sobre Simeão, o filho de Clopas, do qual já dissemos que foi o segundo bispo da igreja de Jerusalém, sabemos que terminou sua vida no martírio.
2.Testemunha disto é aquele mesmo Hegesipo, de quem já utilizamos diferentes passagens. Ao falar de alguns hereges, acrescenta claramente que por esse tempo, efectivamente, o mencionado Simeão teve que sofrer uma acusação e que durante muitos dias foi maltratado de muitas maneiras por ser cristão, e que depois de deixar admiradíssimos o juiz e os que o acompanhavam, alcançou um final semelhante à paixão do Senhor.
3.Mas nada melhor do que ouvir o próprio escritor, que relata isto mesmo textualmente como segue: "A partir disto, evidentemente alguns hereges acusam Simão243, o filho de Clopas, por ser descendente de David e cristão, e assim sofre martírio na idade de cento e vinte anos, sob o imperador Trajano e o governador Ático."
4.O mesmo autor diz que inclusive os próprios carrascos foram presos quando se procuraram os descendentes da tribo real dos judeus, já que também eles o eram. Com um pouco de cálculo pudesse dizer que também Simeão viu e ouviu pessoalmente o Senhor, baseando-se na longa duração de sua vida e na menção que o texto dos evangelhos faz de Maria de Clopas244, de quem já se demonstrou que Simeão era filho.
5.O mesmo escritor diz que também outros descendentes de um dos chamados irmãos do Salvador, de nome Judas, sobreviveram até este mesmo reinado, depois de ter dado testemunho de sua fé em Cristo sob Domiciano, como já referimos anteriormente245. Escreve o seguinte:
6. "Vêm pois, e põe-se à frente de toda a Igreja como mártires e como membros da família do Salvador. Quando em toda a Igreja se fez paz profunda, vivem ainda até o tempo do imperador Trajano, até que o filho do tio do Salvador, o anteriormente chamado Simão246, filho de Clopas, foi denunciado e acusado igualmente pelas seitas, também pela mesma razão, sob o governador
consular Ático. Durante muitos dias torturaram-no e deu testemunho, de maneira que todos, inclusive o governador, ficaram muito admirados de como continuava resistindo apesar de seus cento e vinte anos247 E mandaram crucificá-lo."
7.Depois disto o mesmo autor, explicando o referente aos tempos indicados, acrescenta que efectivamente, até aquelas datas a Igreja permanecia virgem, pura e incorrupta, como se até esse momento os que se propunham corromper a sã regra da pregação do Salvador, se é que existiam, ocultavam-se em escuras trevas.
8.Mas quando o coro sagrado dos apóstolos alcançou de diferentes maneiras o final da vida e desapareceu aquela geração dos que foram dignos de escutar com seus próprios ouvidos a divina Sabedoria, então teve início a confabulação do erro ímpio por meio do engano de mestres de falsa doutrina, os quais, não restando nenhum apóstolo, daí em diante já a descoberto, tentaram opor à pregação da verdade a pregação da falsamente chamada gnosis248.



242 Ou seja, Trajano.
243 Na verdade Simeão.
244 Jo 19:25.
245 Vide XX: 1.
246 (= Simeão).
247 Segundo estes dados, Simeão teria nascido no ano 13 a.C, sendo portanto mais velho que seu primo Jesus.
248 1 Tm 6:20; gnosis significa conhecimento.

sábado, 9 de outubro de 2010

Da morte de João e de Felipe

Boa Leitura!

1.Já explicamos anteriormente o tempo e o modo da morte de Paulo e de Pedro, assim como também o lugar onde foram depositados seus corpos depois que partiram desta vida238.
2.Sobre João, quanto ao tempo, também já foi dito; mas quanto ao lugar de seu corpo, indica-se na carta de Polícrates, bispo da igreja de Éfeso, que foi escrita para o bispo de Roma, Victor. Junto com João menciona o apóstolo Felipe e as filhas deste nos seguintes termos:
3."Porque também na Ásia repousam grandes luminares que ressuscitarão no último dia da vinda do Senhor, quando virá dos céus com glória em busca de todos os santos: Felipe, um dos doze apóstolos, que repousa em Hierápolis com duas filhas suas que chegaram virgens à velhice, e a outra filha, que depois de viver no Espírito Santo, descansa em Éfeso; e também há João, o que se recostou sobre o peito do Senhor239 e que foi sacerdote portador do pétalon240, mártir e mestre; este repousa em Éfeso."
4.Isto há sobre a morte destes luminares. Mas também no Diálogo de Caio -de quem já falamos pouco acima -, Proclo - contra quem é dirigida a disputa -, coincidindo com o exposto, diz sobre a morte de Felipe e de suas filhas o seguinte: "Depois deste houve em Hierápolis, a da Ásia, quatro profetisas, as filhas de Felipe. Ali estão seus sepulcros e o de seu pai."
5. Assim diz Proclo. E Lucas, nos Actos dos Apóstolos, menciona as filhas de Felipe, que então viviam em Cesaréia da Judéia junto com seu pai, e que haviam sido agraciadas com o dom da profecia; diz textualmente o que segue: Viemos a Cesaréia e entramos na casa de Felipe o evangelista - pois era um dos sete - e permanecemos em sua casa. Tinha ele quatro filhas virgens, que eram profetisas241.
6. Depois de haver descrito sobre o que chegou ao nosso conhecimento acerca dos apóstolos e dos tempos apostólicos, assim como dos escritos sagrados que nos deixaram, e inclusive dos que são controversos, mas que na maioria das igrejas muitos lêem em público, e dos que são inteiramente espúrios e alheios à ortodoxia apostólica, continuemos avançando em nossa narrativa.

238 Vide II:XXV:5.
239 Jo 13:25; 21:20.
240 Ex 28:36-38.
241 Act 21:8-9.

Dos apóstolos cujo matrimónio está comprovado

Boa Leitura!

1. Clemente, cujas palavras acabamos de ler, em seguida ao que foi dito anteriormente e por causa dos que rechaçam o matrimónio, dá-nos uma lista dos apóstolos que comprovadamente foram casados e diz: "Ou também vão desaprovar os apóstolos? Porque Pedro235 e Felipe criaram filhos; e mais, Felipe deu maridos a suas filhas236, e Paulo, ao menos em certa Carta, não vacila em dirigir-se a sua consorte237, que não levava consigo para facilitar o ministério."
2. Já que lembramos destas coisas, nada impede que citemos também outro relato de Clemente digno de ser exposto. Escreveu-o no livro VII dos Stromateis e narra-os da seguinte forma: "Conta-se pois que o bem-aventurado Pedro, quando viu que sua própria mulher era conduzida ao suplício, alegrou-se por seu chamamento e seu retorno para casa, e gritou forte para animá-la e consolá-la, chamando-a por seu nome e dizendo: "Oh, tu, lembra-te do Senhor!" Assim era o matrimónio dos bem-aventurados e a perfeita disposição dos mais queridos." Este era o momento oportuno para isto, por relacionar-se com o tema de que tratamos.

235 Mc 1:30; diz apenas que Pedro era casado, nada fala sobre filhos.
236 Esta declaração de Clemente não tem respaldo na Bíblia.
237 Segundo 1 Co 7:8 Paulo não estava casado. A afirmação de Clemente baseia-se numa leitura de Fp 4:3 diferente do texto aceito.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

De Nicolau e dos que dele tomam o nome

Boa Leitura!

1.Nesta época surgiu também a heresia chamada dos nicolaístas, que durou pouquíssimo tempo e da qual também faz menção o Apocalipse de João230. Estes se jactavam de que Nicolau era um dos diáconos companheiros de Estevão encarregados pelos apóstolos do serviço aos necessitados231. Pelo menos Clemente de Alexandria, no livro III dos Stromateis, conta sobre ele, literalmente, o que segue:
2."Este, dizem, tinha uma mulher muito formosa. Depois da ascensão do Salvador, tendo os apóstolos reprovado seu ciúme, trouxe sua mulher a público e permitiu que se entregasse a quem quisesse, pois diz-se que esta prática está de acordo com o dito: 'Deve-se abusar da carne'232." E na verdade, por seguir o que foi feito e dito por simplicidade e impensadamente, os que compartilham sua heresia se prostituem sem a menor reserva.
3.No entanto, eu sei que Nicolau não teve trato com nenhuma mulher que não aquela com quem estava casado, e que de seus filhos, as mulheres chegaram virgens à velhice e o rapaz permaneceu puro. Sendo isto assim, a exposição de sua mulher, da qual tinha ciúmes, no meio dos apóstolos, era um desprezo à paixão, e a abstenção dos prazeres que mais ansiosamente são procuradas ensinava a "abusar da carne", pois creio que, conforme o mandato do Salvador, ele não queria ser escravo de dois senhores233, o prazer e o Senhor.
4.Dizem igualmente que Matias ensinava isto mesmo: para a carne: combatê-la e abusar dela, sem consentir-lhe nada para o prazer; e para a alma, fazê-la crescer mediante a fé e o conhecimento. Isto, pois, seja o bastante sobre aqueles que, se na época mencionada234 empreenderam a tarefa de perverter a verdade, extinguiram-se contudo por completo em menos tempo do que leva para dizê-lo.

231 Act 6:5.
232 O dito é equívoco, significava originalmente que se deve colocar a carne sob as provações mais rigorosas. Os
nicolaístas interpretaram-no em sentido licencioso.
233 Mt 6:24; Lc 16:13.
234 Sob o império de Trajano

domingo, 3 de outubro de 2010

Do heresiarca Cerinto

Boa leitura!

1.Sabemos que pelas datas mencionadas Cerinto fez-se cabeça de outra heresia. Caio, a quem já citamos antes229, escreve sobre ele o que segue, na disputa que lhe é atribuída:
2."No entanto, também Cerinto, por meio de revelações que diz serem escritas por um grande apóstolo, apresenta milagres com a mentira de que lhe teriam sido mostradas por ministério dos anjos, e diz que depois da ressurreição o reino de Cristo será terrestre e que novamente a carne, que habitará em Jerusalém, será escrava de paixões e prazeres. Como inimigo das Escrituras de Deus e querendo fazer errar, diz que haverá um número de mil anos de festa nupcial."
3.E também Dionísio, que em nosso tempo obteve o episcopado da igreja de Alexandria, ao dizer no livro II de suas Promessas algumas coisas sobre o Apocalipse de João como recebidas de uma antiga tradição, menciona o mesmo Cerinto com estas palavras:
4."E Cerinto, o mesmo que instituiu a heresia que toma seu nome, a cerintiana, que quis creditar sua própria invenção com um nome digno de fé. Este é efectivamente o tema da doutrina que ensina: que o reino de Cristo será terreno.
5.E como ele era um amante de seu corpo e inteiramente carnal, sonhava que consistiria do mesmo que ele desejava: fartura do ventre e do que está abaixo do ventre, ou seja: de comidas, de bebidas, de uniões carnais e de tudo aquilo com que lhe parecia que se procurariam estas coisas de uma forma mais bem sonante: festas, sacrifícios e imolação de vítimas sagradas."
6.Isto diz Dionísio. E Irineu, depois de expor, no livro I de sua obra Contra as heresias, alguns dos erros mais abomináveis do mesmo Cerinto, transmitiu-nos por escrito, no livro III, um relato que não se deve esquecer, procedente, segundo diz, da tradição de Policarpo. Afirma que o apóstolo João entrou certa vez nos banhos públicos para lavar-se, mas ao ficar sabendo que dentro encontrava-se Cerinto, afastou-se rapidamente do lugar e correu para a porta, por não suportar encontrar-se sob o mesmo tecto que ele, e exortava os que o acompanhavam a fazerem o mesmo, dizendo: "Fujamos, não aconteça que os próprios banhos venham abaixo por estar dentro Cerinto, o inimigo da verdade."